por Ana Paula de Almeida
O idoso, mesmo sendo tutelado pelo seu Estatuto no âmbito jurídico, ainda sofre muito com a aplicação prática deste.
O idoso, mesmo sendo tutelado pelo seu Estatuto no âmbito jurídico, ainda sofre muito com a aplicação prática deste.
Portanto, é sempre importante a mobilização da população, família, Estado e até mesmo de organizações internacionais, como a própria ONU, para que eles sejam objeto de proteção, cuidado e zelo.
Um problema em destaque atualmente, e com discussão a nível parlamentar no Brasil, é a questão da violência contra o idoso, em que estes vulneráveis, precisam de um cuidado extremante especial.
E para conscientizar a população sobre os direitos da pessoa idosa, a
Frente Parlamentar em Apoio ao Idoso promoveu o debate Quem Maltrata o
Idoso Não Fere Apenas o Corpo, mas Apaga Toda Sua História. O evento,
que foi realizado na Câmara dos Deputados, faz parte de uma programação
voltada para o Dia Mundial de Combate à Violência Contra Idosos,
comemorado em 15 de junho.
Abrindo o encontro, o deputado
federal Vitor Paulo, da Frente Parlamentar de Apoio ao Idoso, defendeu
que a violência deve ser combatida com a mudança de comportamento em
relação a quem cuida dessas pessoas. "Fui criado pela minha avó e, na
minha época, era natural o respeito pelo idoso. O valor do idoso precisa
ser reconhecido. As ações atuais serão refletidas em um futuro próximo".
A
deputada federal Flávia Morais, presidente da Frente Mista de Promoção e
Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, destacou a importância da
aprovação do Estatuto do Idoso. Segundo ela, em 2020, haverá cerca de 40
milhões de pessoas com mais de 60 anos no país.
"A aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço, porém, a prática
ainda precisa ser inserida. É um trabalho que tem que ser feito a curto
e longo prazo, começando pelas crianças. O idoso precisa ser respeitado
de forma consciente e não obrigatória. Sabemos que a violência
invisível, como o abandono, é a que mais afeta os idosos, causando até
mesmo depressão. A semana de combate chama atenção para esse tema e
fortalece as intenções de luta pelos direitos dos idosos", disse a
deputada.
Flávia diz que, muitas vezes, a violência física
tem relação com drogas. "O idoso que sofre violência por alguém da
família não tem coragem de denunciar. Se for constatado que o agressor é
usuário de drogas, sua punição será a internação em uma clínica de
reabilitação".
O presidente da Associação dos Aposentados
do Distrito Federal (Asaprev/DF), João Pimenta, acredita que para haver
mudanças é preciso uma maior mobilização da sociedade.
"Foi
preciso que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituísse um dia
para chamar a atenção para o problema. O desdém que muitos jovens tratam
os idosos é muito grande. Quem tem esse tipo de atitude
não tem compromisso algum com o seu futuro. Os idosos são
estigmatizados como um ser humano inútil e, em alguns casos, são
renegados pela própria família. Isso já é considerado um tipo de
violência", disse Pimenta.
O conselheiro municipal do
Idoso de Itabuna (BA), Agnaldo Ramos, acredita que é necessário a
criação de mais centros de convivência de idosos e a construção de
hospitais geriátricos no país. "O Brasil não está preparado para cuidar
dos mais velhos. É necessário o aumento no orçamento para a criação
desses centros e hospitais para garantir maior qualidade de vida dessas
pessoas".
Ramos também denunciou o desrespeito de agências
bancárias que não priorizam o atendimento aos idosos. "Os bancos criam
seu próprio estatuto, suas regras. Isso está errado. O estatuto deixa
claro que o atendimento precisa ser prioritário e imediato", disse
Ramos.
Maria Alexandrina da Conceição, de 68 anos, que mora com
sua família, disse estar feliz com as discussões feitas durante o
debate. "A gente sabe que tem gente muito próxima que maltrata os mais
velhos e isso não deveria acontecer. Essa discussão é importante e
necessária para que as pessoas abram os olhos e tratem melhor quem tanto
os ama".
Fonte - Jornal do Brasil Publicado
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